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A Revolução da Consciência: o Caminho da Paz

Por Prof. Dr. Enrique R Arganaraz

Estamos em um momento especial na história da humanidade, marcado por um acelerado avanço tecnológico, no qual já não conseguimos mais diferenciar entre tecnologia e “magia”. Conseguimos modificar os genes e nos tornamos “criadores” manipulando células e organismos. Fazemos engenharia reversa de quase tudo, até da própria inteligência humana, com o surgimento da “inteligência artificial”. Entretanto, não conseguimos atingir o mesmo nível de desenvolvimento como “espécie humana”. De fato, as desigualdades marcadas pela pobreza de grande parte da população mundial e pelos conflitos por território, poder e crenças religiosas continuam colocando a humanidade em perigo iminente de autodestruição. Dessa forma, a humanidade atingiu uma encruzilhada marcada pela urgente necessidade de uma mudança de paradigma.

Um pessoa olha por toda parte em busca da verdade sobre si mesmo, e esquece de olhar para dentro de si mesmo.
O ser humano a procura de si mesmo

O paradigma seguido pela humanidade até aqui se caracteriza por uma visão materialista da realidade baseada em dois componentes principais: matéria e mente. A crença atual acredita que a mente, ou consciência - o elemento consciente da mente - é derivada da matéria, o cérebro. Entretanto, como isso aconteceria permanece um enigma para a ciência. Conhecido como o "problema difícil da consciência", esse é um dilema desconfortável para os principais defensores do paradigma materialista, os quais negam a existência do elemento primário e mais substancial a toda experiência - a própria consciência - e afirmam apenas a existência de uma substância - a matéria - que nunca foi encontrada. Assim, a crença materialista carece de fundamentação cientifica.


Embora a questão da consciência pareça ser algo abstrato e estar longe das preocupações e demandas da vida cotidiana, ela está intimamente ligada a cada ser humano, pois cada pensamento, emoção e sentimento é influenciado pelo paradigma materialista. e portanto, é determinante nos relacionamentos. Assim, este paradigma levou ao ser humano a se ver separado de toda a existência, motivo pelo qual surgem a sensação de incompletude, vazio, infelicidade, conflito interno, o que finalmente conduz ao conflito externo, tanto entre indivíduos, como entre comunidades e nações. Sendo assim, a busca pela paz dentro da estrutura materialista existente, esta fadada ao insucesso, já que todas as revoluções buscam modificar o estado de coisas existentes deixando intacto o paradigma materialista sobre o qual elas se baseiam. No entanto, o paradigma da “Consciência”, propõe outro tipo de revolução, já que atinge a crença na qual o conhecimento de nós mesmos, dos outros e do mundo é baseado. A história tem mostrado repetidamente que uma civilização que negligencia esse conhecimento e seu relacionamento com ela, inevitavelmente entrará em colapso.


O surgimento da mecânica quântica, no começo do século XX, representou o marco inicial de uma mudança radical da visão materialista da realidade, mostrando os objetos como funções de onda em sua essência, mais do que como objetos particulados e separados, e por outro lado, incluiu o sujeito como o componente essencial a todo fenômeno - experiência. Posteriormente houve uma nova mudança de paradigma, com o surgimento da “teoria dos campos quânticos”, que embora não tenha recebido tanta atenção como as teorias antecessoras, foi igualmente profunda e disruptiva. Segundo esta teoria existiria um campo para cada partícula do modelo padrão, e todos coexistiriam por todo o tecido do espaço-tempo e estariam repletos de partículas virtuais, que seriam criadas e aniquiladas quase que instantaneamente. Dessa forma, essas partículas surgiriam como excitações do campo, assim como ondas que surgem e desaparecem no oceano. Embora não esteja ainda completa, a teoria dos campos quânticos é, certamente, uma das teorias mais elegante descrita até o momento, mostrando que todo o universo, perceptível e imperceptível, isto é, cada galáxia, cada estrela, cada planeta cada grão de areia e cada ser vivo estão intimamente conectados, unidos por esse campo único. Sendo assim, quando se afirma que somos todos um, ou que estamos todos conectados, não é apenas uma ideia fantasiosa, mas tem um significado físico real, algo realmente ‘mágico”.


Várias crenças ao longo da história da humanidade, tais como a ideia de uma terra plana ou como centro do universo, prevaleceram por milhares de anos após serem desafiadas por outras e serem finalmente substituídas. Da mesma forma o paradigma materialista está mostrando claros sinais de desintegração, mas resiste à nova visão da realidade, de mundo e de universo. Esta nova visão da realidade introduzida pela mecânica quântica há mais de um século e por diversos ensinamentos espirituais, há milhares de anos, continua reverberando como um apelo à humanidade para despertar para um novo entendimento da unidade de toda a existência.




Paradigma e autoconhecimento

Certamente, o destino de toda a civilização depende de qual dessas duas visões da realidade – materialista ou conscienciologista - sejam assumidas como verdadeiras por cada ser humano. Só o profundo entendimento deste fato poderá se manifestar através das ideias, atitudes e relacionamentos na vida de cada indivíduo, e entre povos e nações. Portanto, cabe a cada individuo, independentemente das ideologias e crenças religiosas, perceber e viver essas implicações. Sendo assim, a revolução da consciência só é possível ser iniciada a nível individual. Embora não possamos conhecer a natureza da existência diretamente – a consciência - devido às limitações de nosso único instrumento de adquirir conhecimento, a mente, a qual impõe suas próprias limitações, a podemos conhecer através do entendimento de nossa própria natureza, a qual é essencialmente a mesma, assim como a natureza da onda é idêntica à do oceano.


Então, o autoconhecimento não é apenas o caminho direto para a paz e a felicidade, mas também o pré-requisito “sine qua non” para atingir este entendimento. Se fizermos uma investigação profunda sobre a natureza de nós mesmos, encontraremos apenas um ser infinito, impessoal e autoconsciente. De uma perspectiva humana, essas qualidades, se pudermos nos referir a elas como qualidades, são sentidas como paz e felicidade em relação à nossa experiência interior e como amor e beleza em relação a todas as pessoas, animais e objetos. Por esta razão, a frase “Conheça-te a ti mesmo” introduzida há mais de dois mil anos, no alvorecer da civilização ocidental, como um apontamento ou um convite à humanidade para mergulhar no âmago de sua essência, nunca foi tão relevante.


Dessa forma, o conhecimento de nossa própria natureza é o único meio pelo qual a paz, felicidade, tolerância, cooperação e harmonia, inatas a cada ser humano, podem ser estabelecidas entre todos os povos.

Você é a paz que procura!

Eu considero a consciência como fundamental. Eu considero a matéria como derivada da consciência.” --Max Planck (1858-1947)
“Tente penetrar com nossos meios limitados nos segredos da natureza e descubra que, por trás de todas as leis e conexões discerníveis, permanece algo sutil, intangível e inexplicável...”--Albert Einstein (1879-1955)
“O mundo que percebemos é feito de consciência; o que chamamos de matéria é apenas consciência.” --Nisargadatta Maharaj (1897-1981)
“Há um poder misterioso indefinível que permeia tudo; eu o sinto, embora não o veja.” --Gandhi (1869-1948)

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Prof. Dr. Enrique R Arganaraz

Lab. de NeuroVirologia Molecular

Departamento de Farmácia

Faculdade de Ciências da Saúde

Universidade de Brasília

 
 
 

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